segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ana Clara


De vez em quando me pego olhando para os meus sobrinhos e pedindo a Deus que os congele no tempo. Vejo essas crianças crescendo e vai me dando aquele friozinho na barriga de que o tempo ta passando cada vez mais depressa. Não tenho vergonha de assumir a minha corujice. Sou daquelas tias que são tias de verdade. Choro, dou risada, sofro e me entrego por inteira pelos meus pimpolhos. Dou a vida por cada um deles se for preciso, e nessas minhas conversas diretas com Deus, eu peço para que eles não cresçam, mas, depois olho com orgulho o quanto eles estão se tornando "gente grande".

Mas, hoje vim aqui falar de um pacotinho que eu segurei no colo há 9 anos, e que eu queria poder ter sempre por perto...Um pacotinho sem cabelo, com brinquinho e com uma buchecha tão gostosa que a vontade era de ficar cheirando ela o tempo todo.

A Ana Clara foi a 4ª sobrinha, mas, por ser a primeira menina, mexeu comigo de um jeito que nem eu mesma consigo descrever. Desde que vi aquela "coisinha rosa" pela primeira vez, eu já percebi que ia ser difícil eu não me apaixonar. Pois é, a paixão pela Ana Clara é quase que uma entrega. Eu sinto como se ela fosse um pedacinho de mim, e, minha cunhada que me perdoe, eu até sinto como se fosse um pouquinho minha também!

Aquele cabelo que não crescia nunca, aqueles quilos de hipoglós que eu gastava cada vez que ia trocar a fralda, aquela princesinha toda emperequetada, que saia na rua comigo como uma boneca cor de rosa, essa é a Ana Clara.

Aquela que em tantas oportunidades foi a minha companheirinha, que me consolou e disse coisas que um adulto não diria tão bem. Aquela que ficava até tarde pintando pra poder comer um brigadeiro no meio da noite escondido do vô. Aquela que ficava amiga das minhas amigas, só pra ficar ainda mais próxima...

Sinto como se eu tivesse nascido pra ser tia da Ana Clara.

Final de semana, pude ter a certeza que o tempo tem passado pra ela também. Percebi que minhas conversas com o "Cara" lá de cima, não tem ajudado muito, rss

Aquele pacotinho rosa, ta se transformando numa verdadeira mocinha. Tá começando a trilhar a própria vida e vai chegar a hora, que os finais de semana não vão mais poder ser preenchidos pela tia aqui. Vão ser as amiguinhas que terão privilégios.

As histórias dos piqueniques no lago, das compras de baboseira no mercado, das pinturas de domingo a tarde, vão ficar apenas na memória. Sinto que vai deixar saudade, e, só de olhar pra "minha pequena", já me dói o coração ao ver que ela não é mais a "bebe da tia".

Tá, eu sei que o papo nostálgico deveria estar sendo pra mãe dela, mas, que posso eu fazer, se pra mim é como se fosse?! O que eu posso fazer se vejo ela desabrochando e morro de vontade de guardar dentro de uma caixinha, pra não sair nunca de perto de mim!!!

Tá, eu sei que não é assim que funciona. Eu sei o quanto é importante e necessário pra ela, crescer e voar tudo o que ela precisa, mas, não tenho culpa se dói!!!

Olho pra Ana Clara e vejo nela todas as certezas que eu não tinha e nunca tive sobre mim. Vejo até um pedacinho da tia Mi plantado no coraçãozinho dela...E, é essa plantinha que sustenta a minha nostalgia de hoje! Porque eu morro de orgulho de vê-la crescer e aflorar.

Sinto o friozinho na barriga ao sentir que ela tá só começando, e que eu vou ter que me contentar com aquele pedacinho que as tias ficam quando as sobrinhas crescem. Aquele pedacinho que parece tão pouco diante de todo o tempo que me fez ter as histórias que tenho hoje pra contar. Mas, é um pedacinho seguro, de quem viveu todas as fases, de quem trocou as fraldas, de quem recebeu os abraços mais gostosos e apertados. É um pedacinho que parece pouco, mas que se completa quando recebe um sorriso e um "oi tia" daqueles que fazem sorrir a alma!

É um pedacinho que parece pequeno, mas, que quando se enche do amor que eu sinto, fica muito maior do que eu posso imaginar.

E, enquanto essa transformação acontece, vou me dedicando a ocupar todos os pedacinhos, as brechinhas e os espacinhos que vão sobrar pra tia fazer o papel dela. E, vou fazê-lo com toda dedicação que eu puder, porque meu amor permite! Meu amor e meu orgulho em poder olhar e dizer: "é minha sobrinha!"

sexta-feira, 18 de setembro de 2009


Realmente, depende de mim.

Já escutei muito aquela frase de "só depende de você pra dar certo" ou aquela outra "só depende de você tentar mudar". Depois de bater de frente com as frases e todas as vontades que as seguem de não depender só de mim, entendi que não tenho saída. Depende mesmo só de mim.

Repetitivo? Muito! Deve ser pra eu não esquecer o quanto realmente é verdade!

Tudo o que tenho experimentado na minha vida nos últimos tempos, tem me mostrado que as circunstancias nem sempre vão depender de mim, mas o que vou fazer com elas, sim.

Não quero, não quero e não quero, mas, chega uma hora que eu preciso querer. Chega um momento que não dá mais, tenho que querer alguma coisa. Essa alguma coisa vai crescendo, fortalecendo e outras coisas vão surgindo. E assim, conforme vou entendendo que "só depende de mim", as coisas vão começando a deslanchar, acontecer e tudo aquilo começa a fazer mais sentido...

Sentido que foi dado por mim, pela minha força de vontade, pela minha persistência em tentar, em não desistir e principalmente, pela minha determinação em me levantar todas as vezes que eu cair.

E parece que as coisas vão ficando mais fáceis, apenas pelo fato de eu não ter mais aquele sentimento de "não quero nem tentar" dentro de mim.

Hoje eu sei que se não der certo, eu tentei, porque, eu consegui entender o quanto realmente depende de mim!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O fio de cabelo branco...


A minha mãe tem quase 65 anos e nunca pintou o cabelo. Agora que alguns fios mais brancos tem ganhado destaque na sua cabeça. As pessoas até se impressionam quando ela diz que nunca pintou...

Durante toda a minha vida, a escutei admirar aqueles velhinhos com "cabelos brancos como algodão" e dizendo que assim ficariam os seus: sem pintura. Por um pequeno período, cheguei a acreditar que ela mudaria de ideia, mas, hoje tenho certeza que não. Aqueles fios brancos, mesmo que poucos, representam pra ela uma espécie de livros de histórias, como se fossem os fios, os capítulos de sua vida, demonstrando um pouco da sabedoria adquirida com o passar dos anos.

Eu não sei se conseguirei ter a mesma determinação da minha mãe. Há alguns meses, me deparei com o meu primeiro fio de cabelo branco. Não lembro qual a minha reação imediata, mas, tenho claro na memória como foi a descoberta. Depois dela, me deparei filosofando todo aquele simbologismo que tem os cabelos brancos.

Descobri naquele meu primeiro fio branco, um certo amadurecimento que venho buscando a tanto tempo. Até mesmo um amadurecimento que eu acreditava já ter, mas que muitas batidas de cabeça me mostraram que ainda tinha muito que percorrer.

Encarar aquele primeiro fio de cabelo branco, mexeu com uma série de questões dentro de mim, que superam a dúvida de quando começar a pintar o cabelo. Lembro quando meu primeiro dente do ciso apareceu, aquela velha brincadeira que "chegou o juízo" me frustrou um pouco, afinal, o dito cujo não andou me visitando muito desde que os tais dentes nasceram...Agora, o cabelo branco mexe com um imaginário gostoso do amadurecimento que tenho buscado.

Olho para os velhinhos que encontro na rua, com uma admiração por tudo aquilo que eles têm para acrescentar na minha vida, e é esse sentimento que o meu fio de cabelo branco me desperta.

Sei que nessa arte de amadurecer, ainda estou começando a engatinhar, e o caminho é longo, mas, eu gosto de percorre-lo. Sei também que o frio de cabelo branco que hoje me é tão poético, logo será uma daquelas preocupações que vou dividir com os potes de creme anti rugas e a duvida do tom certo de tinta... Mas, se eu tiver histórias para contar, experiências que me façam crescer e uma pequena dose de sabedoria para dividir, vou sentir orgulho de todas elas...