sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sem pudores


Não sei até quando o sentimento do pudor me acompanhou.
Acho que fui me libertando aos poucos dele e nem me dei conta até onde deixei que ele prevalecesse.
Aqui em casa, o assunto sexo nunca foi jogo aberto. Aprendi as coisas sozinha, lendo, indo atrás (sem malicias hein, rss) e quando me dei conta, a única coisa que me perguntavam era: você ta se cuidando né?!
Acho engraçado quando eu estava na escola, ficava com as minhas amigas observando os “mocinhos da faculdade” e, nos apaixonávamos. Aí, criticávamos as universitárias porque elas eram “fáceis demais” ou apenas porque elas transavam mesmo com os caras.
Quando as coisas começaram a acontecer conosco, dividíamos tudo, contávamos e uma ficava tirando as duvidas da outra.
E depois de um tempo, já estávamos igualzinha aquelas moças da faculdade que a gente tanto criticava. Começamos a entender que ninguém deixava de ser uma “menina certinha” porque tinha relação com o namorado ou porque falávamos sobre os nossos desejos.
Lembro das conversas onde falávamos sobre posições, e era muito engraçado.
Mais do que “no meu tempo”, hoje as coisas estão escancaradas, as informações estão super disponíveis e ninguém precisa mais ficar de pudores para assumir que gosta de sexo e pronto.
No Natal, dei para um dos meus sobrinhos uma coleção de livros sobre educação sexual. Minha cunhada adorou o presente e disse que ele tava lendo direitinho e que tirava as duvidas com ela. ÓTIMO! Quebramos aquela parede imensa de que fazer sexo é pecado e falar sobre o assunto é absurdo.
Essa semana, em uma das minhas madrugadas recheadas de BBB, assisti a Fran falando umas coisas que são hilárias. Claro que eu não vou reproduzir aqui, porque eu sou mais tímida que ela pra isso, mas, foi ótimo!
Tenho visto um monte de críticas sobre as “aulas de educação sexual da Fran”, e, acho uma baita de uma hipocrisia. Um bando de pessoas mal amadas e sexualmente insatisfeitas que acham errado falar tão abertamente sobre o assunto. Ela foi escrachada, engraçadíssima, e, sinceramente, me vi ali conversando com as minhas amigas! Exatamente como a gente conversa, dando dicas, dando risadas e contando histórias.
Por que as pessoas têm mania de pudores desse jeito? Claro que não gostaria que a minha sobrinha de 8 assistisse aquela aula, mas, isso não quer dizer que um dia ela não vai fazer essas coisas. Isso não quer dizer que acho errado falar abertamente sobre “essas coisas”.
É exatamente por culpa desse falso moralismo cheio de pudores, que temos tantas adolescentes grávidas, tantas mulheres casadas que pegam AIDS dos maridos, tanta criança que começa a vida sexual cedo demais e sem acompanhamento da mãe e de uma ginecologista.. é por esse falso moralismo, que a Fran foi tão julgada e criticada ao falar abertamente, sem cair na vulgaridade, com um senso de humor imenso, sobre um assunto que é um tabu na roda de amigos, mas uma naturalidade entre 4 paredes.
Temos que largar de ser hipócritas e permitir que as pessoas falem sim sobre sexo abertamente. Se você não quer falar, expor, dividir, ótimo, não faça. Mas, não critique quem faz com o ar superior de que “é um absurdo”.
A mulher tem sim que se conhecer, se respeitar, conhecer seu corpo e sentir prazer com ele. E, se nas rodinhas de amigas, tem a oportunidade de descobrir coisas novas, ótimo!
Eu continuo conversando aberta e declaradamente com as minhas amigas sobre o assunto, e, não me arrependo nada disso.

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